sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

14/06/2009

Sr. João (João Paulo, para para você, o texto inicia-se assim: "Querido Pai" - Faço minha suas palavras)

Complicado começar um texto com teu nome, não por ser de difícil escrita, mas por ser tão popular e se confundir com qualquer um.

Queria na verdade começar assim: “Querido Pai”, mas me deixa de pés atados, não pelo sentimento que eu sinto ou que senti por essa palavra para ser usada para ti, mas por não ter certeza se poderia usá-la.

Eu prefiro continuar meu texto da minha forma, sem coerência e coesão, mas com uma forma de pensamento só meu. Pois cada linha, dirá o que sinto mais do que eu sinto, pois das poucas, é a única forma que eu sei dizer o que dói aqui.

É complicado nascer, ouvir e saber definir o que é certo ou errado, quando as pessoas não nos mostram isso com imparcialidade, nos deixando abertos às escolhas. Erramos, eu tanto quanto você. Erramos, por que esperamos, por que não nos sentimos culpados a ponto de reconhecer os erros.

O dia 14 de junho seria um dia normal. Não, normal não seria, a programação desse dia estava pronto há um mês e foi cancelado em menos de alguns minutos de uma ligação no meu celular. Eu não soube definir o que eu sentia no momento que desliguei o aparelho, não foi culpa, arrependimento, raiva, desgosto, fraqueza, foi apenas um junção de um monte de coisas que vieram à tona muito tarde.

Eu quis em alguns momentos te culpar e culpei, estou sendo tão sincero quanto minhas lágrimas que caem nesse momento sem a mesma definição de sentimento que eu “explique” em algumas linhas passadas. Tu foste e deixaste coisas sem serem ditas, que foram ditas, mas quem precisava escutar não ouviu. Fizestes as pessoas chorarem da mesma foma que elas diziam que você as fazia rir. Herdei isso de você, tenha plena consciência, esteja onde estiveres.

Sabe o que me faz sentir mais alívio disso tudo? É que apesar dos pesares, conseguimos antes de sua ida, termos nossa única conversa, onde você escutou mais do que ouviu e falou o necessário para moldar você e o amor que eu sentia por ti à minha maneira de ver as coisas. Dos filhos o mais velho, o que talvez, te daria o primeiro neto, o que você veria primeiro sem cabelos ou de cabelos brancos, o que talvez deixasse te faltar tudo ou nada, mas o que mais esperava... O que sempre esperou, e que nunca vai cansar de esperar.

Queria ter certeza de apenas uma coisa para poder dormir em paz comigo mesmo, todo o amor que você sentia era verdade? Diz-me isso de alguma forma, eu preciso escutar isso de você para conseguir me deixar viver em paz comigo mesmo. Diz que a vontade que eu sentia de dividir qualquer coisa com você era recíproca que eu tentarei dividir isso comigo mesmo .

Hoje realizamos pela primeira vez uma vontade única que você tinha. Todos os seus filhos estavam em um só, sentindo e dividindo a mesma dor e procurando confortar um ao outro como qualquer irmão que ame o outro faria. Pela primeira vez senti o abraço de cada um que eu esperei muito. O João Paulo honrou a nossa força, o Alan o nosso sacrifício, a Ana Paula nossa sensibilidade, Michael e Juninho nossa força e eu, honrei, com certeza, a dor.

Depois de muitas linhas, eu diria, resumindo uma vida.

Eu espero o tempo que for preciso para ser teu filho um dia!

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