quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ele - difícil

Ele Era uma criança difícil. Sempre que ia debater sobre algum assunto sua voz era forte, “estridente” como dizia sua mãe, que hoje admira-se com a educação que as palavras são pronunciadas.

Ele não corria, não fazia coisas de crianças normais. Não jogava futebol porque nunca foi seu esporte preferido como até hoje não é. Ele brincava com quem se sentia bem e seguro, afinal a fragilidade que ele apresentava na sua estrutura corporal, sempre o fazia se sentir ameaçado pelos “grandões” que o olhavam atravessado.

Ele foi uma criança difícil, tão implicante, que os amigos se iam de uma forma tão fácil como ele conseguia conquistar. Sua infância era fácil, diferentemente da pessoa que ele era. Os melhores brinquedos, das melhores marcas. Sempre para todos, o que sempre teve “tudo”. Mas, nunca esse "tudo" o satisfazia.

Seu gosto musical era uma mistura de algo de ontem e hoje. ABBA, New Kids on the BLock e outros gêneros dividiam o som “Três em um” (cassete,rádio e vinil) com Balão Mágico, Mara, Sérgio Malandro e, juro, Xuxa. (ele era criança ok?).

Ele se tornou um adolescente difícil. Ele não gostava das espinhas, era temperamental, de uma forma quase que insuportável. Suas descobertas foram feitas solitariamente, a primeira namorada, o primeiro beijo, a primeira relação sexual e o primeiro e último porre.

As marcas mudaram, a sua voz mudou e o timbre juntamente com as idéias foi se formando lentamente. Ele acrescentou entre suas qualidades, mais presença e menos vergonha do estranho. Ele somou aos seus defeitos, muito arrogância, imaturidade e rancor. É, ele era ou ainda é um pouco, rancoroso com as coisas que não estão na sua linha. E ainda por cima, a maior dificuldade que encontrava era desmaterializar-se dos objetivos sólidos, um sentimento que trouxe da sua infância fácil que o tornava difícil.

Ele era um jovem de sonhos difíceis, de práticas e gostos considerados estranhos e julgados da forma que cada um julgasse ser.

Ele hoje é um adulto e de tudo, ainda continua sendo uma pessoa difícil. Tornou-se mais caloroso, menos arrogante e mais passivo as coisas da vida. Ele deixou de atacar tudo com a veracidade de um rei, ele se pôs do outro lado da sua voz.

Ele passa por momentos difíceis e por ele ser da mesma intensidade, ele sofre por não saber contornar da forma mais fácil. Perdeu o pai tão rápido, perdeu sua tia lentamente. Criou um escudo e interrompeu alguns ciclos.

Ele hoje tem vários gostos musicais que não provam sua personalidade. Ele hoje acredita em muitas coisas e sofre. Age com as pessoas de uma forma tão fácil que a escolha de suas relações o faz passar por momentos difíceis.

Pensando bem, ele vai ser um idoso difícil. Mas, como não podemos prever o futuro, acredito que a dificuldade que ele vai encontrar, será de comandar seus próprios instintos. Ele não acreditará em muitas coisas e as pessoas o irão julgar mais uma vez da mesma forma que o julgaram um dia, ele vai ouvir: “ow senhor difícil” – Dessa forma, ele vai perceber que, os momentos mais fáceis de sua vida, ele deixou a dificuldade do seu ser, ocultar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010


Julio César Araújo e Alisson Correia...

Be or not Be? - É uma questão!


Muitas das faces que hoje aparecem em nossas expressões foram criadas para garantir uma auto-proteção e todas elas sempre vêm carregadas de um sorriso simpático, meio hesitante e nervoso. Essas são algumas das formas artificiais que encontramos para nos mostrar ao mundo... Dessa forma passamos a ser conhecidos por terceiros, quando, na verdade, nós mesmos nem nos conhecemos.

Tentar acreditar na própria essência e colocar em prática o que ela dita, traz algumas vantagens para o “íntimo”, mas pode deixar conseqüências porque a verdadeira essência das coisas são desconhecidas ao homem. O que acreditamos ser hoje, não é nada mais que o reflexo daquilo vivido no passado, que hoje recriamos e amanhã reformulamos pela capacidade vital do homem em nunca se satisfazer-se com o que ele mesmo tem a oferecer a ele mesmo.

E nesse presente cheio de “passados” densos, tentamos construir uma auto-afirmação que nos faça um ser futuro - tão duvidoso quanto hoje - que rascunhe nas mãos imprevisíveis do tempo o que talvez nunca seja passado a limpo.

Um breve pensamento na madrugada, onde as luzes da cidade iluminam as moças nos seus trabalhos noturnos, onde o silêncio cria pensamentos e as palavras devaneiam em nossos teclados. A conexão nunca foi tão lógica na hora de modelar as palavras de duas pessoas que transitam pensamentos coesos em uma distância de 130km.