quarta-feira, 4 de julho de 2012

Prazer! Não sou o Chico, mas tenho no lugar do coração, um buraco!



Eu só escrevo neste espaço quando realmente tenho motivos. Quando meus sentimentos estão descomplicados e como agora, um jogo de cartas sem marcas.

Não é aceitável quando o tempo joga com a gente, é vitória ou derrota, e qualquer um dos dois traz sofrimentos. São sorrisos ou lágrimas infundadas ou fundamentadas na dor, são olhos atentos aos próximos passos com medo de cair porque a razão de seguir, se foi.

Voltei hoje ao “meu espaço” porque de tantas flores que existiram no meu caminho um vendaval as levaram para longe, e hoje, tento recolher cada pétala para juntar aos galhos solitários que ficaram cravados no meu peito.

Hoje acordei na madrugada, meio atônito, desprotegido e desequilibrado. Faltaram-me forças para continuar o sonho no qual eu sorria sem motivos, apenas pelo fato de não acreditar que tudo aconteceu. O espaço entre minha cama e a saudade estava infindável. 

Fui até a geladeira e com a porta aberta apenas me peguei pensando no “se nada disso tivesse existido”. Então, me vi em lágrimas e aquela dor “que só quem ama sente” me consumiu. Voltei para as velhas fotografias, analisei toda a minha vida e disse a mim mesmo: “Você perdeu”.

Chegam momentos na vida que você percebe que o trem não está seguindo os trilhos planejados por você e que o verdadeiro maquinista da sua vida, se retirou para outro vagão e te deixou sem rumo. Todas as noites antes de dormir, eu analiso todas as janelas acesas na cidade e vejo que muita gente está ali, acordada, planejando ou até mesmo, reclamando da programação da TV, como faço todas as noites.

De todas as luzes que hoje percorri os olhos, a lua estava tomando todas as atenções. Ela hoje estava solitária ou, eu apenas estou tentando a comparar a mim. Nesse jogos de palavras onde falo se solidão, me veio uma “vaga” lembrança de uma canção de Chico Buarque interpretada por Maria Bethânia.

Todas as vezes que ouço “olhos nos olhos” me lembra uma pequena história que Bethânia um dia contou. A canção fala tanto de amor de uma forma tão verdadeira que impossível ter sido escrita por alguém, principalmente por um homem, não me perguntem porque pensei assim. Em um questionamento de quem compôs a canção e respondido: Buarque, houve o seguinte questionamento: “Um homem? Como um homem tem no lugar do coração um buraco?”

Diariamente me vejo analisando tudo. O fato de ter acordado muito cedo ou não, o motivo de estar naquele lugar quando deveria estar em outro e porque tomei algumas decisões, quando em alguns poucos momentos, era melhor não ter tomado. Nessa análise da vida vejo que o tempo está se perdendo ou se dando espaço para ser encontrado...

Voltando a Chico e Bethânia: “Não sei quem questionou, não tenho nem o dom de Chico de escrever algo tão verdadeiro, mas, hoje, eu descaradamente tentando tomar um pouco do sofrimento de uma canção, me apresento: Prazer, não sou o Júlio, mas tenho no lugar do coração, um buraco”

Júlio César

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