Eu só escrevo neste espaço quando realmente tenho motivos.
Quando meus sentimentos estão descomplicados e como agora, um jogo de cartas
sem marcas.
Não é aceitável quando o tempo joga com a gente, é vitória
ou derrota, e qualquer um dos dois traz sofrimentos. São sorrisos ou lágrimas
infundadas ou fundamentadas na dor, são olhos atentos aos próximos passos com
medo de cair porque a razão de seguir, se foi.
Voltei hoje ao “meu espaço” porque de tantas flores que
existiram no meu caminho um vendaval as levaram para longe, e hoje, tento
recolher cada pétala para juntar aos galhos solitários que ficaram cravados no
meu peito.
Hoje acordei na madrugada, meio atônito, desprotegido e desequilibrado.
Faltaram-me forças para continuar o sonho no qual eu sorria sem motivos, apenas
pelo fato de não acreditar que tudo aconteceu. O espaço entre minha cama e a
saudade estava infindável.
Fui até a geladeira e com a porta aberta apenas me peguei
pensando no “se nada disso tivesse existido”. Então, me vi em lágrimas e aquela
dor “que só quem ama sente” me consumiu. Voltei para as velhas fotografias,
analisei toda a minha vida e disse a mim mesmo: “Você perdeu”.
Chegam momentos na vida que você percebe que o trem não está
seguindo os trilhos planejados por você e que o verdadeiro maquinista da sua
vida, se retirou para outro vagão e te deixou sem rumo. Todas as noites antes
de dormir, eu analiso todas as janelas acesas na cidade e vejo que muita gente está
ali, acordada, planejando ou até mesmo, reclamando da programação da TV, como
faço todas as noites.
De todas as luzes que hoje percorri os olhos, a lua estava
tomando todas as atenções. Ela hoje estava solitária ou, eu apenas estou
tentando a comparar a mim. Nesse jogos de palavras onde falo se solidão, me
veio uma “vaga” lembrança de uma canção de Chico Buarque interpretada por Maria
Bethânia.
Todas as vezes que ouço “olhos nos olhos” me lembra uma
pequena história que Bethânia um dia contou. A canção fala tanto de amor de uma
forma tão verdadeira que impossível ter sido escrita por alguém, principalmente
por um homem, não me perguntem porque pensei assim. Em um questionamento de quem
compôs a canção e respondido: Buarque, houve o seguinte questionamento: “Um
homem? Como um homem tem no lugar do coração um buraco?”
Diariamente me vejo analisando tudo. O fato de ter acordado
muito cedo ou não, o motivo de estar naquele lugar quando deveria estar em
outro e porque tomei algumas decisões, quando em alguns poucos momentos, era
melhor não ter tomado. Nessa análise da vida vejo que o tempo está se perdendo
ou se dando espaço para ser encontrado...
Voltando a Chico e Bethânia: “Não sei quem questionou, não
tenho nem o dom de Chico de escrever algo tão verdadeiro, mas, hoje, eu
descaradamente tentando tomar um pouco do sofrimento de uma canção, me
apresento: Prazer, não sou o Júlio, mas tenho no lugar do coração, um buraco”
Júlio César
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