Não
tenho palavras para definir os acontecimentos dos últimos dias. Tudo
foi tão rápido que eu não tive tempo de refletir no que eu pensava, no
que eu sentia ou no que eu viria a sentir amanhã (esse amanhã vale por
todos os próximos dias da minha vida). Eu creio que as dores têm “lá”
suas intensidades, mas de todas, esta que sinto é dolorosamente doída e
insuportavelmente insuportável (bem redundante mesmo).
Amanhã eu vou recomeçar tudo de novo, sentindo falta de tudo e
preenchendo com as boas lembranças que ficaram daquele dia que eu gritei
depois do uso da privada: “Mãe/Vó, eu termineeeeei” – Daquele dia que
eu liguei e disse: “Mãe/Vó, passei no vestibular” – Daquele dia que a vi
chorar de saudades por sair de casa e dizer: “Mãe;Vó, te vejo daqui há
alguns meses” - Daquele momento que me tornei homem de verdade e disse:
“Mãe/Vó, nos próximos meses eu vou casar” – Daquele dia que disse: “Mãe,
vai com Deus e não esquece de mim”.
Nos dias de chuva,
lembrar-me-ei dos cuidados “chatos” de mãe e dos bregas de Amado Batista
que me acordavam todos os domingos. Vou tentar não esquecer as lágrimas
de despedida em cada volta pra casa e dos pedidos à minha esposa:
“Cuida do meu neguinho” (vou cobrar isso sempre de Karla).
A senhora
se foi e levou tanta coisa boa, levou o amor que me dava, levou a
preocupação com a minha alimentação, e esqueceu de deixar a receita do
Xerém com Galinha, da galinha à cabidela, do macarrão com frango e creme
de leite e da vitamina de banana. Será que na geladeira ficou o vinho
Padre Cícero? Só pra lembrar: “Eu ainda não deletei seu número dos meus
contatos mais importantes”.
Mãe, nos encontraremos um dia, por
enquanto, não esqueça de passar nos meus sonhos como a senhora tem feito
desde o dia que se foi. Amanhã eu voltar a viver, eu acho. Por hoje, eu
ainda me dou o direto de derramar lágrimas de saudades no teclado do
meu PC. E se há dúvidas de que estou bem? Não estou!
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