Foram poucos dias, e por mais que eu tente pensar que eles foram suficientes. Não foram! Mais de cinco anos de espera, para muitos abraços e conversas que estavam guardadas há tanto tempo, e abafadas pela distância, essa tal companheira diária que machuca e se faz de rogada.
Foram vinte e alguns dias (contáveis) juntos, que depois de amanhã terão outros incontáveis dias separados. Uma coisa que ele e eu temos certeza, eu acho: “É que nossos contatos pessoais são limitados, e mesmo assim, buscamos saber que o outro está lá, esperando.”
Ele, talvez seja o cara que eu não conheça. Talvez o cara que eu nunca, realmente, vá conhecer. Talvez o homem que nunca verei crescer. E de tantos talvez, o homem que nunca me fará repensar nos meus sentimentos por ele.
Ele possui a imaturidade de um cara de poucos anos, a incerteza de muitos da sua idade e uma certeza única do que realmente quer, para seus momentos. Suas prioridades são, incontestavelmente, suas. Uma de suas qualidades, sua singularidade. Um dos seus grandes defeitos, uma pluralidade sem divisões.
Nessa viagem “longa” que teve suas datas definidas pelas disponibilidades, eu estou voltando com algo “pela metade”. Das muitas coisas que vou levando, além das fotografias. Vou deixando algo “dividido” ou até mesmo “quebrado” pelas circunstâncias.
Não posso tentar mentir ou disfarças as saudades que irão me consumir por mais alguns longos anos. Não posso deixar de pensar hoje, que voltarei para o meu mundo e mais uma vez, o “nosso mundo” ficará tão distante, quase imperceptível pelas lágrimas. Mas, não posso negar que essa distância que nos une, é um fator importante para muitas das coisas que acontecem em nossas vidas.
Em uma conversa de bar, eu ouvi que: “Vocês não tem a oportunidade de viver aquilo que dois irmãos vivem e que por isso mesmo, nunca conseguirão viver. Afinal, não se conhecem o bastante para poderem dividir isso.” E sabe o que é pior de ouvir essas palavras? Elas, em sua maior parte, tinham razão.
Enquanto as palavras soavam duras, eu ouvia Cazuza gritando no meu ouvido: “O medo era motivo de choro, desculpa para um abraço ou um consolo”. (Trecho de Poema, canção de Cazuza que me acompanha sempre).
Neste momento de nossas vidas, eu estou vivendo um “Poema” enquanto ele vive um amor “Exagerado”. Tal, que o faz ser outra pessoa e buscar viver outras coisas, essas, que muitas vezes, limita-se a ele mesmo.
Seu futuro está tão incerto, como o meu esteve há alguns anos e entre as “poucas” conversas que tivemos nesses últimos dias, antes de partir, eu descobri que ele, como eu um dia, não sabe o que está acontecendo em sua vida.
Sempre acreditei que o tempo nos consegue fazer mudar ou até mesmo refletir pelos nossos atos. O que esse tempo “não” consegue nos fazer esquecer, ele nos ensina a “mentir” para nós mesmos, que superamos.
Estou voltando com uma bagagem enorme de coisas que se eu pudesse, a perderia no aeroporto. Deixaria tudo por uma única pessoa ou até mesmo por alguns poucos momentos de verdade. Um momento de nós dois, sem o mundo girar ao nosso redor, porque de tudo que poderia querer hoje, seria ver a vontade além da obrigação!
A vida é assim: “Simples de tal forma, difícil de vivê-la de qualquer jeito.” E o pior é tentar buscar a justa forma das coisas, quando elas não existem. (Quero aprender isso um dia)
A única solução para os meus dias é esperar e voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído, não por que há um limite, mas porque há lugares que você nunca deveria ter saído, isso é fato. Agora, voltarei para meu mundo, onde a entrega se faz além dos laços e a vontade de ter cada minuto da forma intensa, se faz presente em um dia-a-dia cansativo de uma luta diária para viver.
Quando as madrugadas se tornarem minha amiga ao lado do meu copo de leite-quente, eu estarei a pensar e esperar por mais alguns dias do teu lado, sem tempo e espaço, sem limitações e obrigações. Apenas, a gente. Tentando resgatar o tempo perdido, por essa distância que nos foi imposta.
Então,
“Quando você voltar. Eu estarei esperando sentado na calçada com aquele carrinho que não brincamos, com o punho fechado para nossa primeira briga, com as desculpas para darmos a nossa mãe e com aquele beijo que eu nunca canso de esperar para te dar.
Quando você voltar, não entra no quarto com a luz acesa e, por favor, não come meu café-da-manhã antes de me chamar para comer. Não use meus bonés e não risque meus CD’s por não serem do seu gosto musical.
Mas,quando você, realmente, voltar. Chama-me para tomar sorvete no Mcdonalds, cobra mais um lanche, pega as chaves do carro e não esquece de tocar ‘The Reason’ para cantarmos juntos.”
"E que minha loucura seja perdoada. Porque uma metade de mim é amor e a outra, também!"